[:pb]No dia 12 de julho comemoramos o Dia do Engenheiro Florestal! Em comemoração à data, entrevistamos André Germani, Engenheiro Florestal e Gerente de Sustentabilidade da Mineração Caraíba (MCSA). Neste bate-papo, o profissional aborda não só sua sólida trajetória na empresa, como também a profissão e a importância da Engenharia Florestal para o setor mineral. Acompanhe na íntegra:
André, agradecemos a disponibilidade em nos conceder essa entrevista. Gostaríamos, inicialmente, de parabenizá-lo pela data de hoje! Nossa primeira pergunta é sobre o que lhe motivou a escolher o curso de Engenharia Florestal?
Resposta: Obrigado pelo convite. A engenharia sempre foi uma linha mestra na minha família e desde cedo me interessei por ciências naturais e achei que essa conjugação seria boa, com a valorização do meio ambiente, que já se despontava como uma tendência de futuro, principalmente fora do Brasil. Descobri que a Engenharia Florestal trazia essa confluência de ambiente com a técnica e tinha uma visão multidisciplinar de forma mais orientada para a produção: ou seja, utiliza o ambiente como matriz de produção. Não ficava nem no âmbito da ciência em si e nem da produção em si. Essa associação me interessou muito.
Qual foi a sua trajetória na área até se tornar o profissional que é hoje? Conte um pouco como construiu sua carreira na mineração.
Resposta: Começando lá de trás, morei durante a minha infância em uma cidade mineradora de Minas Gerais – Itabira, berço da Vale, onde meu pai trabalhava. Ele assinava revistas americanas de mineração onde havia sempre algumas matérias de reabilitação ambiental. Ao entrar na Universidade Federal de Viçosa (UFV), entendi que essa sinergia poderia dar certo, pois algumas empresas começavam a dar os seus passos na recuperação de suas áreas mineradas. A Engenharia Florestal, mais uma vez, se mostrou uma boa combinação para isso, então busquei trilhar esse caminho. Procurei um professor americano (James Griffith) que era referência nesse assunto lá na UFV que me orientou no TCC neste tema. Me indicou para um estágio na Alcoa, na área de meio ambiente, e depois de um tempo eu estava trabalhando em uma empreiteira de recuperação ambiental (rodovias, ferrovias, áreas industriais etc.). Resolvi fazer um mestrado na UFMG em Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos e defendi a dissertação com trabalho de planejamento de sistema de gestão ambiental na mineração. No dia da defesa da dissertação já me apareceu alguém com um cartão para uma empresa de consultoria ambiental e daí em diante me dediquei a aprimorar meus conhecimentos e práticas no setor, com um percurso diversificado em projetos e empresas de mineração e alguns trabalhos de consultoria. Posteriormente, fiz especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho também na UFMG e MBA em Gerenciamento de Projetos na FGV. Deu para perceber o quanto o setor ambiental cresceu e se tornou determinante na definição das melhores práticas. A Engenharia Florestal também cresceu como ciência, agregando muito conhecimento e diversificação em áreas de aplicação.
Hoje, no Brasil, existem 75 cursos de graduação em Engenharia Florestal distribuídos em mais de 60 instituições de ensino superior. Quais são as áreas que absorvem estes profissionais e quais atributos o(a) profissional de Engenharia Florestal precisa desenvolver como diferencial?
Resposta: O setor que mais absorve o engenheiro florestal imagino ser o próprio setor florestal, que é um dos grandes potenciais do Brasil. Produção de madeira, celulose e carvão vegetal em florestas de produção ou no manejo florestal sustentado de florestas nativas, produção de energia por biomassa, gerenciamento de parques e reservas florestais, fiscalização ambiental, podem ser os setores que mais absorvem este profissional, porém, a presença do engenheiro florestal no setor ambiental organizacional em geral tem sido cada vez mais presente. E como comentei, pelo conhecimento analítico da engenharia e formação em ciências ambientais (ecologia, recursos hídricos, solo, botânica, zoologia, botânica, climatologia, silvicultura, entre outras) este profissional se capacita para as diversas áreas que este conhecimento multidisciplinar é demandado.
Assim como o conceito de Sustentabilidade e seus pilares, o setor mineral se encontra em constante crescimento. Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), o setor mineral baiano vai registrar um aumento de mais de 53% em sua produção no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. Quais são suas expectativas para a profissão, dentro do segmento mineral, considerando a mineração sustentável e o crescimento produtivo?
Resposta: O setor mineral deve absorver profissionais capacitados para responder aos desafios crescentes do mercado, conceituados nas melhores práticas em Ambiente, Social e Governança – ASG (ou ESG em inglês). Estas, devem ser implementadas pelas empresas do setor, considerando os interesses da sociedade, investidores, as restrições legais e, além disso, a necessidade da convivência do setor mineral com a preservação do nosso ambiente, em benefício das atuais e próximas gerações. Este profissional deve ter uma formação que consiga entender e integrar as necessidades e relações econômicas, ambientais e sociais da empresa e fazê-la crescer de forma a atender as demandas da sociedade com os seus produtos – matérias primas para quase todos os processos industriais. A engenharia florestal, mantendo a sua evolução como profissão conectada com estas necessidades, deve estar preparada para contribuir para este nobre objetivo.
Sabemos que o Engenheiro Florestal, com o aumento da preocupação social com os recursos naturais, atua ativamente em projetos ligados à sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Essa área exige conhecimentos técnicos e estratégicos, ligados à educação ambiental, indústria, tecnologias florestais, empreendedorismo social, entre outros. Como esses conhecimentos se entrelaçam no exercício da sua atividade na Mineração Caraíba?
Resposta: Á medida em que trabalhamos e vivemos diferentes experiências, entendo que agregamos valor à nossa formação, nos qualificando cada vez mais para os desafios que nos aguardam. Por outro lado, por mais que nos preparemos, sempre haverá novos e diferentes situações, onde muitas vezes não são as ferramentas – conhecimento técnico, que resolvem. O trabalho em equipe confiante e participativo, com relacionamento franco e aberto, é talvez o mais importante mecanismo para se obter resultados para a organização, pois em cada um há uma história e uma experiência e saber usar essa diversidade em benefício de todos – do grupo, do setor, da empresa e da sociedade, pode fazer a diferença.
Por fim, gostaríamos de deixá-lo à vontade para usar este espaço, deixando uma mensagem para os(as) futuros(as) Engenheiros(as) Florestais que exercerão essa profissão tão importante para a sociedade e o setor mineral. Agradecemos a sua participação!
Resposta: Procure se abrir para o mundo, busque o conhecimento e não fique preso somente ao seu local, ambiente de origem, bioma. Conheça diferentes realidades, agregue valor ao que já aprendeu. Quando se trata de conhecimento, nunca é o bastante. Aprenda línguas diferentes, trabalhe em equipe e interaja com outros setores que não o seu. Construa o seu senso crítico nesta caminhada e seja ético acima de tudo. E, mais importante, trabalhe naquilo que goste dentro da sua profissão. Muito obrigado pela oportunidade![:]